domingo, 27 de setembro de 2009

A um ausente

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.


Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu,
enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?


Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.


Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

Carlos Drummond de Andrade

domingo, 20 de setembro de 2009

quieta

Esse tempo agora é meu.
Deixe-me sozinha. Já não basta o mal que me fez?
A omissão machuca mais que a mentira.

a dor de não ter dado certo...

uma verdade?

Já não tenho mais inspiração pra falar de amor.

sábado, 12 de setembro de 2009

meu


"Talvez não seja nessa vida ainda, mas você ainda vai ser a minha vida,
então a gente vai fugir pro mar,
eu vou pedir pra namorar,
você vai me dizer que vai pensar,
mas no fim vai deixar.
Talvez não seja nessa vida ainda,
mas você ainda vai ser a minha vida,
sem ter mais mentiras pra me ver,
sem amor antigo pra esquecer,
sem os teus amigos pra esconder,
pode crer que tudo vai dar certo."

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Tua

E veio chegando de mansinho, me rodeando, me tomando.
Engraçado como isso era improvável. Mas aconteceu.
E agora já sou um pouco sua. Só um pouco. Mas sou.
Não há nada que eu possa fazer para evitar.
E nem quero evitar.
Não é como um arrebatamento. Não é um tsunami.
É uma ressaca de fim de tarde. Aquela onda gostosa que chega devagar e vai tomando espaço na areia.
Vamos ver até onde ela vai...






"O problema é que eu te amo.
Não tenho dúvidas que com você daria certo.
Juntos faríamos tantos planos,
Com você o MEU mundo ficaria completo.
O problema é que eu te amo.
Não tenho dúvidas que eu queria estar mais perto.
Juntos viveríamos por mil anos porque o NOSSO mundo estaria completo."

Nando Reis

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Jarras de conformismo

Não gosto de perder as minhas coisas, você sabe. E hoje, cercada pela sua ausência, procuro o que procurar. Experimentando o desânimo da busca desiludida. Pois, se um amor como aquele acaba dessa maneira, vale à pena um
outro? Será inteligente apostar tanto de novo?