Ela encolhe as pernas quando dorme, e suspira enquanto espalha os cabelos pelo travesseiro. Usa camiseta de político em dia de faxina, e continua linda. Fuma para aliviar a dor, e os cigarros quase sorriem quando se aproxima dos seus lábios vermelhos. Fuma para aliviar a dor que sente de quando tem cólicas, e de quando se sente descartada, desesperada. Quando ele não liga, e quando tem que falar baixo porque é ela que liga. E vai ao supermercado usando salto alto, porque não alcança a última prateleira. E se estica tão graciosamente, que todos podem jurar que a prateleira é tão alta de propósito. Tem cacife pra beber cerveja em taça de vinho, com as unhas pintadas de vermelho. Unhas não; garras. Garra pra enfrentar a dor do parto, e o cesto de roupas sujas. Dança baladas antigas só de sutiã quando está sozinha e não sabe programar o despertador novo, mas acha muita falta de competência um homem não fazer pelo menos três coisas ao mesmo tempo. Conta o resumo do livro em menos de cinco minutos, mas demoram uma vida para se maquiar. Essa Evelyn entende de política, de jantar com sobras do almoço, futebol, sandálias, promoções, Hugo Chavez e blushes. E é lamentando a situação das ondas dos cabelos que ela vos fala, propõe um brinde desejando a igualdade de direitos, e a ausência de pêlos.
Evelyn
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