quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Poema de Natal


Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
(Vinicius de Moraes)

domingo, 21 de dezembro de 2008

Pequena, coisa pequenina.


Eu não sei o que é, mas tudo me deixou mais sensível hoje.
Uma sensação de ser pequena demais, como se as coisas fossem muito maiores do que realmente achamos, e de perceber incapacidade de tocá-las e transformá-las.
São nessas horas que sinto medo.
E hoje mesmo, alguém disse que sentir medo é bom. Mostra que ainda temos algo que se pode perder.
Estou refletindo sobre isso...






"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

De dentro


Garimpando alegrias, aposentando a mente, almejando afetos.
Assim mantenho o fim da boa nova.
Sonho alto, multiplico egoísmo e beijo a solidão.
Exponho a carcaça poética, reprimo as hipérboles da fala e berro o silêncio que só eu sei ouvir.
Me vejo abrindo portas, conhecendo os enigmas de mim. Sorrindo lágrimas do fim . Digo adeus para recomeçar. Enfim.
Por fim.
Não lembro dos meus nomes, reconheço minhas orações.
E ainda assim, feliz, recomeço e completo as razões contradiórias... de existir.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Sinto-me ironicamente feliz com a homenagem de sua "reportagem".
Quem não sabe, é quem mais fala. Descobrindo quem é você, por trás das máscaras e das palavras. Que por hipocrisia, nega-se até o óbvio. Suas notícias cada vez mais contraditórias.
Tempos de regressivas memórias e futuras amnésias.
Acontece...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Confusão tardia

Tudo bem. Vou tentar não pôr de lado essas babaquices amorosas. Porém, convenhamos: escrever (mais uma vez sobre isso) se tornou um porre!
Sou movida por mudanças. Se torna até redundante. Encanto-me com a capacidade de tornar real tudo o que é novo.
Querer ir além.
Querer.
Ir.
Além.
Esses momentos solitários, pode não parecer, mas fortalecem. E muito. De modo a transformar a mais bonita solidão em frieza poética.
-'mais uma dose, por favor'.
E já que decido sobre quase nada quando se trata de surpresas, clamo aos ventos mudança, lágrimas, emoções.
Não que goste de sofrer, mas as vezes questiono-me também esse assunto.
Acho que está na essência, faz parte. Porque sem emoção, sei lá... Perde a graça, perde o sentido.
Parece real? Acho melhor continuar matelando. Quem sabe assim, me sinta bem.

O que não cala



Me vejo abrindo janelas e portas
escalando os muros que se colocavam
no meio do caminho.
Acho que a vida ter que ser assim, pertubadora
com picos elevados de incomodação.
Amar, ou odiar?
não importa..
desde que a vida seja, saborosa.
Quero morder a vida,
e por ela...
ser despedaçada.
Termino com Florbela Espanca,
verso esse, que nesse momento seria o meu clamor.
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

sem mais.

Não tenho vergonha de dizer que estou triste. Não dessa tristeza ignominiosa dos que, em vez de se matarem, fazem poemas: estou triste porque vocês são burros e feios. E não morrem nunca.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Milena, anjo meu.


Acho que meus versos não rimarão com os seus. Eles não saberão.
Saberão só, assim, por cima, te descrever. Te oferecer, na mais simples das rimas tudo aquilo que guardo pra te falar. Nada mais daquilo que és.
Acho também, que você não é daqui. Parece de outras luas, de outros mundos.
Tem jeito de flor, cor de bailarina e sorriso de fada. Tu é flor, menina, poetisa, artista e como se não bastasse tudo isso, você ainda existe. Mulher encantadora, que responde pelo nome de Milena, a dona as aspas mais lindas do mundo inteiro. E desfila por ai, disfarçando-se de publicitária, maquiando-se de mulher e pintando poses de boneca.
Mas tu é a mulher mais absurda que eu conheço, porque não perde o brilho nunca. Ainda, é minha afinidade mais acontecida!
Nossa sintonia faz muito mais que um elo, faz um universo inteiro dançar no ritmo da música. Surpreende sempre, com seus um metro e pouco, abraça o mundo e em você mora toda doçura dele. É o coração mais pulsante, e mais colorido, também.
Espero que não se importe se mais uma vez, meus versos não rimarem. Só não poderia deixar de escrever seus encantos. E é por todos eles e outras milhares de magias, que eu te guardo comigo. Para sempre. Que quando mais preciso, encontro um arco-íris dentro de um sorriso!


Para a minha mais doce amiga, irmã e poetisa: Milena, Mima.

Com açúcar, com afeto, Evelyn.


“assim como a caneta que falha
você quando falta
não dá pra escrever”

"Eve"

(Milena Pontes)
Anjo da minha guarda
Sintonia que mora no ar
Vira e mexe, cai no papel
e vira poesia .
Amo como jamais imaginaria .

Senhorita de vários dons
de viver
de levar, leve
de sentir os bons ventos
de transparecer
o que é
o que faz
e o que nada seria
se aqui não estivesse

Batendo forte, do lado esquerdo
com açúcar, com afeto
com o ombro disponíve
lcom todos aqueles ingredientes
que alegram a vida

Torna mais raso o fundo do poço
É assim
É simples assim
Todo o bem
feito
É feita
é por que é
Não custa e nem cobra
lindamente dignada melhor amizade que posso oferecer

Sem meias verdades
Sem freio
Sem lagrimas
Sem o menor esforço
Só risos
por você
com você
Pra você.

ps: Sintonia é a identidade ou harmonia vibratória, isto é, o grau de semelhança das emissões ou radiações mentais de dois ou mais espíritos, encarnados ou desencarnados, ou seja, afinidade moral.
[Texto da Mima feito pra mim, melhor presente que alguém pode ganhar.]