Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço.
Quero ser sozinho. Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!
Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz!
Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!
(Álvaro de Campos)
'Eu lembro da moça bonita da praia de Boa Viagem, a moça do meio da tarde de um domingo azul...'
quarta-feira, 27 de maio de 2009
domingo, 24 de maio de 2009
Favores
A ideia de hoje foi te pedir um favor. Eu escolheria você me ver. Sem nada demais. Sem oi, sem tchau, sem coisas feitas ou a fazer. Nada de você, nada da sua vida. Nada que constate a sua existência independente. Apenas a sua voz. Esse é só um dos absurdos que passam pela minha cabeça quando me salta você no peito. Como se meu coração fosse uma dessas caixinhas surpresas e você o boneco de mola pra assustar crianças. Elas se assustam mas riem e abrem de novo e de novo. Acabei de ver Santiago, o documentário, e tive um acesso de choro daqueles. Ele escreveu sobre toda a aristocracia do mundo e isso arrasou comigo, amor. Arrasou. Ele era o garçom das festas, que você chorava. Uma pessoa que servia feliz a uma beleza triste. E no final, não sei se você viu o filme, mas ele quis contar algo pessoal e apressaram ele, cortaram, o que ele realmente queria dizer não tinha importância. E quase, quase quis te pedir um favor. Mais uma das minhas ideias. Pra você, por alguns minutos, só enquanto eu chorava demais, pra você fazer de conta que abismos não existem. E não existem mesmo, nesses segundos descabidos das horas que não entram no dia. Porque agora, nesse segundo que corri aqui pra te escrever, nesse momento não existe essa coisa de dia e de dois meses exatos. Existe só que vamos todos morrer, então pra que mesmo o orgulho de sair ileso mais um dia? Mais um dia ileso. Como se não fosse cheios de feridas que raspamos com as costas das mãos as nossas roupas de guerra e dormimos em paz.
Hoje eu estava no estacionamento do 'shopping' e fiquei seguindo as plaquinhas de saída e vi que é isso que faço melhor do que ninguém. Saio. São tantas as coisas que eu queria te falar e contar. E eu sigo fantasiando que você entende tudo e melhor que todo mundo. E isso acaba comigo mas, ao mesmo tempo, me tira um pouco da chatice burra e apática de sempre. E então, me vem a ideia de realmente te contar as coisas. E por isso escrevo. Porque se você entra aqui pra ler é você que, com todo o meu amor que você nem imagina, consegue sentir como sendo seu. E então é mesmo essa coisa maluca de eu me livrar do que eu nem sei se sinto pra você, sem nem saber se sente, sentir o que já estava aí esse tempo todo. A troca do absurdo. Nisso trocamos. O absurdo. Hoje eu perguntei a um amigo: Você era feliz com ela? E ele disse: eu era muito feliz com ela. E muito triste. Sem ela eu não sou nem uma coisa e nem outra. Eu sorri e disse pra ele: eu prefiro a vida assim. Ele disse: prefere mesmo? Eu disse, comendo um pão de queijo: não, não prefiro, mas pelo menos, assim, eu consigo estar aqui com você pesando mais de quarenta quilos. São, sei lá, duas e pouco da tarde. Passo boa parte de tudo sem doer, sem sentir tão forte. Às vezes nem parece que aconteceu. Mas o tempo todo, ainda, converso e te mostro tudo, o tempo todo. O tempo todo. O tempo todo. Não porque sou sozinha. Não porque era menos sozinha com você. Apenas porque apenas. Lê pra mim um texto. Com a luz apagada. Quando alguém liga eu fico cheia dos risinhos idiotas porque tiro sarro de quem tenta falar algo e não sai como sairia se fosse você. O maior elogio que eu poderia fazer a uma pessoa era dizer assim: gosto de você além da minha imaginação, não porque aprendi a gostar, mas porque por mais que eu sonhe, você é ainda melhor que o sonho. Você é além da minha capacidade em te imaginar. E eu jamais te diria isso. Não posso te fazer esse elogio. Mas olha, ainda assim, olha eu aqui de novo. Porque você não é melhor que a minha imaginação, você não é melhor que a minha esperança, você, pra falar a verdade, é bem ruinzinho. Mas é isso. Um filme com o maluco do fraque e das castanholas me emociona e pronto. O boneco salta da caixinha e espanca meu peito com cabeçadas duras e olhar macabro. A hora que não entra no dia. E eu mais uma vez preferindo não sair ilesa pra me sentir menos machucada. Você pode, a cada doze dias, ler um texto, a língua, brincar do não abismo, qualquer coisa, só ler, continuar assim, só ler, não me esquece, por favor. Eu nunca vou esquecer você. Eu não soube o que fazer com você, mas sei o que fazer com o não você. Isso eu sei fazer e faço bem. Lembrar que era terrível e incrível. Terrível, meu amor, como poucas (ou nenhuma) coisas foram. Mas absolutamente incrível.
"Vejo o futuro e a minha vontade ... a tua presença já não faz parte do meu itinerário."
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Vai ficar ai parado?
Há uns duzentos anos atrás, Benjamin Franklin compartilhou o segredo de seu sucesso com o mundo. Ele disse "nunca deixe para amanhã o que você pode fazer hoje". Esse é o cara que descobriu a eletricidade. Então é normal achar que a maioria de nós iria ouvir o que ele fala... Eu não tenho idéia porque a gente fica adiando as coisas, mas se eu tivesse que chutar, diria que tem muito a ver com o medo. Medo do fracasso. Medo da dor. Medo da rejeição. Às vezes, o medo é de apenas tomar uma decisão, porque e se você estiver errado? E se você fizer um erro que não dá pra desfazer? Seja lá do que a gente tem medo, uma coisa é sempre verdade: com o tempo, a dor de não ter tomado uma atitude fica pior do que o medo de agir. Acaba parecendo que a gente está carregando um tumor gigante. E, não, eu não estou falando metaforicamente."Deus ajuda a quem cedo madruga"*; "é melhor prevenir do que remediar"*. "Bobeou, dançou"*. Não podemos fingir que nunca escutamos essas. Todos nós já ouvimos os provérbios, os filósofos, os nossos avós nos falando para não perdermos tempo, aqueles poetas chatos clamando pra gente "aproveitar o dia". Ainda assim, às vezes a gente tem que pagar para ver. Temos que cometer nossos próprios erros. Temos que aprender nossas próprias lições. Temos que varrer as possibilidades do hoje pra baixo do tapete, do amanhã até não podermos mais, até que a gente compreenda por si só o que Benjamin Franklin quis dizer. Que o saber é melhor que o ponderar, que o despertar é melhor que o sonhar. E que mesmo a maior falha, mesmo o pior erro possível, é melhor do que nunca tentar nada.
domingo, 10 de maio de 2009
quinta-feira chegou, são oito e vinte da noite. Coloco Radiohead. If I could beeeee, who you wanteeeed. Apago todas as luzes. Vai, Evelyn, sofre. Você precisa sofrer um pouco. Vai. Você combinou que se daria pelo menos uns instantes de luto pelo amor que você não pode ter. Vamos lá. Uma lágrima. Um, dois, três e…e…e…ah, eu tenho mais o que fazer!
O excesso da falta
Foco no lugar vazio da mesa. A pessoa que não veio. Pior ainda: a que não existe. É ali que fico, sempre, apaixonada, doendo, esperando. O lugar vazio da mesa, da cama, do planeta. Minha sorte é um bilhete desses de raspar só que o segredo não sai com nada. Meu amor é a cadeira com pé quebrado que tiraram do salão antes que alguém se machucasse. Então me recuso a sentar em outras e vivo entre o cansaço e o medo de cair de mim mesma. Eu funciono assim, não sei se você já percebeu. Consigo não te gostar, e isso significa passar ótimos dias em paz, quando te trato bem, quando te amo. O que sobra em mim, o que eu guardo no peito, é sempre o negativo do que expeli para o mundo. Por isso o e-mail, frio, um jeito de te expulsar mais uma vez, porque é só isso que sei fazer quando o assunto é sentir além de mim. E quando te trato mal, são dias te amando aqui, nos espaços vazios que você jamais preencheria e que são absolutamente você. O mundo todo que não tem você é ainda mais você. E assim me relaciono. Com o risco de giz branco em torno do corpo que já foi levado do chão. Sempre me apaixono depois que acaba a paixão. Sempre namoro quando acaba o namoro. Só assim sei amar. E então te carrego no peito e em tudo, ao ir sozinha ou mal acompanhada ao show. E passamos sem perceber uma vida inteira. Só porque agora você se foi, é que sinto que você chegou de verdade. E assim namoramos tão bem e sou tão agradável. E é com você que vou até a esquina e o fim do mundo, porque posso tudo agora. Agora que não posso nada.
Daqui vejo milhares de pessoas e boas intenções e motivos pra ser feliz. Mas onde eu estou? Adivinhe? Estou em casa, sozinha, como se não houvesse nada. Como se tudo isso fosse cruel justamente por ser bom. O bom acaba. Mas isso aqui, o refúgio da ansiedade e da alegria, essas duas coisas do demônio, isso aqui é verdadeiro e é daqui que estou, na verdade, no meio de todas essas pessoas boas e os motivos pra ser feliz. É só daqui. Então, quero ir embora. Ir embora pra chegar logo. Porque enquanto estou é insuportável, mas depois, quieta, deitada, o mundo inteiro se encaixa aos poucos até eu pegar no sono e sentir a matéria de estar viva. Não evaporo mais pois estou me apertando até ficar quieta nessa caixinha minúscula que trago tão bem guardada apesar do desespero em ser aberta. É sempre na falta que vivo. É sempre em cima da altura que não tenho que olho o mundo. E das coisas que eu não sei que falo melhor. E dos sentimentos que eu não poderia sentir que me abasteço pra ser alguma coisa além do que me faz mais uma. E da incapacidade de ser mais uma que me agarro, pra poder participar de algo e esquecer como é maluco tudo isso. É na alegria extremada que sinto o tamanho do sofrimento que posso aturar. É a loucura que sai antes quando preciso rapidamente ser normal. É porrada que dou quando a mão vai rápida para um carinho urgente. É de onde não se pode estar que tenho saudades. É para o lugar do qual fugi que vou quando corro. É no lugar insuportável que fico quando descanso de algo que não aguentei. É na falta que vivo. O tempo todo sendo a mulher pra você que nem você quer. O tempo todo sendo a mulher que você não vê mais e só por isso, agora, te vejo o tempo todo. É te gostando tão infinitamente que me liberto de gostar pelo menos um pouco de você. Quando preciso de açúcar sinto ânsia só de ver doce. E na hora de ir embora, ganho o viço e a frescura de algo novo. Não lido bem com a fome, pois ela me sacia, me enche, de algo que me faz além do bicho. É do meu auge que 'k'aio feio. Na paz de fechar um arquivo que volto a pensar na página em branco e em tudo que não sou capaz. No fundo do gostosinho da alma mora o que dispara meu incômodo mais terrível. Quando tento ser homem, meu Deus, sou mais garota do que aquelas colegiais cheirando a floral com bola de basquete. Você reclamava que eu não dizia seu nome e isso era só porque eu o estava dizendo o tempo todo. Meu cérebro martelava o som das suas referências e imprimia tanto você que eu precisava falar de mim daquele jeito pra tentar existir além do que eu me tornava. Você era tudo quando reclamava que eu andava estranha ao telefone, sem dar importância. Quando eu não parecia te ouvir, eu estava ouvindo suas milhares de vozes e tentando dar conta de gostar de tanta gente diferente que era gostar de você. Mas agora, assim, dizendo "João", eu consigo continuar. Mas não uso a palavra anular porque seria dar rabisco aberto para as asas que não quero desenhar. O tempo todo o abismo gigantesco quanto mais desço. O tempo todo a calma mais incrível nos momentos de real desespero. E o pânico do que é simples de resolver. E se não tem ninguém pra chegar é aí que verdadeiramente espero. E se não tem ninguém pra me tocar, sinto tesão em encostar no ar. Você não está e me olha como nunca. Você merecia ser amado assim, do jeito que acaba pra começar. Uma covardia só pra quem aguenta firme (lembra?). Sempre no oco me preencho tanto que explodo. É no nada que está tudo aqui. E quando me perguntam de onde vem essa pressa, esse desespero, essa corrida, o sopro no coração, essa ânsia, a força, essa agressividade. De onde vem? Eu digo que vem de uma preguiça enorme. E tantas artimanhas e rezas bravas para permanecer? É só o mais completo desejo em acabar logo com tudo isso. Que tanto eu quero porque estou sempre pedindo socorro? Nada. E principalmente: nunca. E morrer de novo como faço todas as vezes que me sinto viva demais. E vai começar tudo de novo só porque acabou. Ponto final é tanta continuação que vira três pontos finais. Eu não aguento mais e nem toquei na vida ainda. Consigo ser vista de verdade só quando as pernas e todo o resto que me move imploram para eu desaparecer.
Daqui vejo milhares de pessoas e boas intenções e motivos pra ser feliz. Mas onde eu estou? Adivinhe? Estou em casa, sozinha, como se não houvesse nada. Como se tudo isso fosse cruel justamente por ser bom. O bom acaba. Mas isso aqui, o refúgio da ansiedade e da alegria, essas duas coisas do demônio, isso aqui é verdadeiro e é daqui que estou, na verdade, no meio de todas essas pessoas boas e os motivos pra ser feliz. É só daqui. Então, quero ir embora. Ir embora pra chegar logo. Porque enquanto estou é insuportável, mas depois, quieta, deitada, o mundo inteiro se encaixa aos poucos até eu pegar no sono e sentir a matéria de estar viva. Não evaporo mais pois estou me apertando até ficar quieta nessa caixinha minúscula que trago tão bem guardada apesar do desespero em ser aberta. É sempre na falta que vivo. É sempre em cima da altura que não tenho que olho o mundo. E das coisas que eu não sei que falo melhor. E dos sentimentos que eu não poderia sentir que me abasteço pra ser alguma coisa além do que me faz mais uma. E da incapacidade de ser mais uma que me agarro, pra poder participar de algo e esquecer como é maluco tudo isso. É na alegria extremada que sinto o tamanho do sofrimento que posso aturar. É a loucura que sai antes quando preciso rapidamente ser normal. É porrada que dou quando a mão vai rápida para um carinho urgente. É de onde não se pode estar que tenho saudades. É para o lugar do qual fugi que vou quando corro. É no lugar insuportável que fico quando descanso de algo que não aguentei. É na falta que vivo. O tempo todo sendo a mulher pra você que nem você quer. O tempo todo sendo a mulher que você não vê mais e só por isso, agora, te vejo o tempo todo. É te gostando tão infinitamente que me liberto de gostar pelo menos um pouco de você. Quando preciso de açúcar sinto ânsia só de ver doce. E na hora de ir embora, ganho o viço e a frescura de algo novo. Não lido bem com a fome, pois ela me sacia, me enche, de algo que me faz além do bicho. É do meu auge que 'k'aio feio. Na paz de fechar um arquivo que volto a pensar na página em branco e em tudo que não sou capaz. No fundo do gostosinho da alma mora o que dispara meu incômodo mais terrível. Quando tento ser homem, meu Deus, sou mais garota do que aquelas colegiais cheirando a floral com bola de basquete. Você reclamava que eu não dizia seu nome e isso era só porque eu o estava dizendo o tempo todo. Meu cérebro martelava o som das suas referências e imprimia tanto você que eu precisava falar de mim daquele jeito pra tentar existir além do que eu me tornava. Você era tudo quando reclamava que eu andava estranha ao telefone, sem dar importância. Quando eu não parecia te ouvir, eu estava ouvindo suas milhares de vozes e tentando dar conta de gostar de tanta gente diferente que era gostar de você. Mas agora, assim, dizendo "João", eu consigo continuar. Mas não uso a palavra anular porque seria dar rabisco aberto para as asas que não quero desenhar. O tempo todo o abismo gigantesco quanto mais desço. O tempo todo a calma mais incrível nos momentos de real desespero. E o pânico do que é simples de resolver. E se não tem ninguém pra chegar é aí que verdadeiramente espero. E se não tem ninguém pra me tocar, sinto tesão em encostar no ar. Você não está e me olha como nunca. Você merecia ser amado assim, do jeito que acaba pra começar. Uma covardia só pra quem aguenta firme (lembra?). Sempre no oco me preencho tanto que explodo. É no nada que está tudo aqui. E quando me perguntam de onde vem essa pressa, esse desespero, essa corrida, o sopro no coração, essa ânsia, a força, essa agressividade. De onde vem? Eu digo que vem de uma preguiça enorme. E tantas artimanhas e rezas bravas para permanecer? É só o mais completo desejo em acabar logo com tudo isso. Que tanto eu quero porque estou sempre pedindo socorro? Nada. E principalmente: nunca. E morrer de novo como faço todas as vezes que me sinto viva demais. E vai começar tudo de novo só porque acabou. Ponto final é tanta continuação que vira três pontos finais. Eu não aguento mais e nem toquei na vida ainda. Consigo ser vista de verdade só quando as pernas e todo o resto que me move imploram para eu desaparecer.
A gota d'água
Só não dói mais, porque não me deixo fazer doer, porque neste exato momento, estou com uma ânsia inigualável de te ver...E essa música, essa lua e essa cachaça só pioraram. Mas apesar desta dor, te perdôo por tudo.Te perdôo por ter me enganado. Embora não seja tão ingênua para ser enganada. Te perdôo então, por ter tentado me enganar.Te perdôo também, por me ter escondido certas coisas. Mas isso não te deixa na obrigação de pedir perdão. Só deve pedir perdão se de fato se arrepender.Te perdôo ainda, mas desta vez com certa dificuldade, por ter alguém a quem amar. Por tê-la, e por ME manter às escondidas. Por me ter feito de amante, sem que eu sequer tivesse esta escolha. E mais uma vez, isto não te obriga a pedir perdão. Aliás, prefiro que não peça, pois sei que quanto a isto você não se arrepende.Todos sempre buscam verdades. Mas às vezes, verdades magoam muito. Ainda assim, eu prefiro as verdades. Mentiras às vezes magoam muito mais. Não minta pra mim. Principalmente agora que me tem nua e desarmada. Pode ver, olha bem pra cá: Não tenho como me defender.Tenho o coração na mão, porque ele não está cabendo no peito agora. Mas não tenho lágrimas nos olhos. Não por insensibilidade, mas porque não as possuo. Pelo menos não para você. Não há de ser você, quem irá me ver chorar. Muito embora, a vontade seja enorme. De repente, mas só de repente, se eu fosse menos introspectiva, alguma coisa ainda estaria funcionando. Não tente me adivinhar. Não sabe nada da minha vida. Não sabe do quanto de medo guardo de qualquer coisa. De tudo o que me parece novo. até do que me parece bom. Às vezes odeio ter este confessionário, me obriga a confessar meus sentimentos mais inconfessáveis. E me faz ficar dependente disto. E o pior, é que pode ser lido. Por qualquer um. Até mesmo por você. E isso piora bastante as coisas. Porque é sempre à quem é mais relevante, que eu escondo tudo sobre mim. Mas sinceramente, já não me preocupa quem está lendo.Foi escrito, é para ser lido. E não venha. Não sou adulta o suficiente, nem madura o suficiente para te ver e só te abraçar. Para te abraçar e fingir que isso me sacia. Sentir teu perfume e fingir que não gosto e que não me traz nenhuma sensação. Não posso ser sua amiga (embora seja o certo), só porque não posso deixar de sentir saudades da sua pele. Pelo menos, por agora, não me obrigue a ser imparcial, porque somente a sua voz me pedindo isso, já seria o suficiente para que eu não o fosse. Ai... e essa música só piora tudo. Preciso de uma cachaça. De repente ela apaga esta minha vontade de você. E me faz até te esquecer. De repente, mas não mais que de repente... Ela me faz até ser menos intensa na vida.
sábado, 9 de maio de 2009
O que foi de ontem
Nada faz sentido. E que bom que não faz. é o que tem pra hoje, meu bem. E eu não me culpo pela minha pressa em ficar. E eu não te culpo pela sua pressa em ir. É em tantas pressas contrárias que a gente se esbarra pelo mundo e se diverte um pouco. Mesmo que eu esteja bêbada!
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Quase lá.
Eu quase consegui abraçar alguém semana passada. Por um milésimo de segundo eu fechei os olhos e senti meu peito esvaziado. Foi realmente quase. Acho que estou andando pra frente.
Ontem ri tanto no bar, tanto que fui feliz de novo. Ouvi uma história muito engraçada sobre uma diretora de criação maluca que fez os funcionários irem trabalhar de pijama. Mas aí lembrei, no meio da minha gargalhada, que o machuca, por mais que não importa, dói.
Hoje uma pessoa disse que está apaixonada por mim. Quem diria? Alguém gosta de mim. E o mais louco de tudo nem é isso. O mais louco de tudo é que eu também acho que gosto dele. Quase consigo me animar com essa história, mas me animar ou gostar de alguém lembra que estou me deixando enganar. De novo.
Eu achei que quando passasse o tempo, eu achei que quando eu finalmente me visse tão livre, tão forte e tão indiferente, eu achei que quando eu sentisse o fim, eu achei que passaria. Não passa, mas quase passa todos os dias.
Chorar deixou de ser uma necessidade e virou apenas uma iminência. Sofrer deixou de ser algo maior do que eu e passou a ser um pontinho ali, fora do lugar, que já não incomoda mais.
E, o que já foi tudo e mais um pouco, é agora um quase. O problema é que todo o resto de mim que sobra, tirando o que quase sou, não sei quem é.
Ontem ri tanto no bar, tanto que fui feliz de novo. Ouvi uma história muito engraçada sobre uma diretora de criação maluca que fez os funcionários irem trabalhar de pijama. Mas aí lembrei, no meio da minha gargalhada, que o machuca, por mais que não importa, dói.
Hoje uma pessoa disse que está apaixonada por mim. Quem diria? Alguém gosta de mim. E o mais louco de tudo nem é isso. O mais louco de tudo é que eu também acho que gosto dele. Quase consigo me animar com essa história, mas me animar ou gostar de alguém lembra que estou me deixando enganar. De novo.
Eu achei que quando passasse o tempo, eu achei que quando eu finalmente me visse tão livre, tão forte e tão indiferente, eu achei que quando eu sentisse o fim, eu achei que passaria. Não passa, mas quase passa todos os dias.
Chorar deixou de ser uma necessidade e virou apenas uma iminência. Sofrer deixou de ser algo maior do que eu e passou a ser um pontinho ali, fora do lugar, que já não incomoda mais.
E, o que já foi tudo e mais um pouco, é agora um quase. O problema é que todo o resto de mim que sobra, tirando o que quase sou, não sei quem é.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
(In)Direta
Mas aí, daqui uns dias.... você vai me ligar. Querendo tomar aquela cerveja de sempre, querendo me esconder como sempre, querendo me amar só enquanto você pode vulgarizar. Me querendo no escuro. E eu vou topar. Não porque seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque você me lembra o mistério da vida. Simplesmente porque é assim que a gente faz com a nossa própria existência: não entendemos nada, mas continuamos insistindo.
Opa!
O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os dias querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele. Até que algo sensacional aconteceu. Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher, que eu acabei me tornando mulher demais para ele. Ele? Quem mesmo?
terça-feira, 5 de maio de 2009
Os opostos se distraem?
Vi que eu sou mais forte do que pensava. Descobri algumas qualidades e reluto pra confirmar que a paixão é incondicional mesmo, que é uma coisa meio solitária mas não deixa de ser a coisa mais linda que alguém pode sentir! E se é paixão, é sempre paixão, mesmo que mude. Eu não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito.
Diferenças, às vezes, podem ser deliciosas. Duas pessoas discutindo não quer dizer que se odeiam. Duas pessoas felizes não quer dizer que se amam. O mundo dá voltas e a vida é uma seqüência de desafios. Algumas feridas saram, outras não.
Quem vive no passado é museu. Quem vive no futuro não vive, sonha.
Com a pessoa certa um minuto é muito. E com a pessoa errada uma vida é pouco tempo. Sei que mesmo acompanhada ainda posso estar só.
(Amor não se exige, se dá.)
As pessoas eventualmente vão me machucar, sim, são humanas. Existe um lugar onde um ato pode mudar toda uma vida, mas que nem toda uma vida pode mudar alguns de nossos atos.
Agora, o importante pra mim, não é pra outros, não importa o quanto eu me importe. Taí o segredo: em vez de temer, MERGULHAR!
A capacidade de amar é nata, não depende de terceiros.
Aprender a cada dia, com que menos se espera, é muito mais lindo do que eu imaginava.
[Pra você, Kaio. Que me ensina tanto. todo dia ]
Diferenças, às vezes, podem ser deliciosas. Duas pessoas discutindo não quer dizer que se odeiam. Duas pessoas felizes não quer dizer que se amam. O mundo dá voltas e a vida é uma seqüência de desafios. Algumas feridas saram, outras não.
Quem vive no passado é museu. Quem vive no futuro não vive, sonha.
Com a pessoa certa um minuto é muito. E com a pessoa errada uma vida é pouco tempo. Sei que mesmo acompanhada ainda posso estar só.
(Amor não se exige, se dá.)
As pessoas eventualmente vão me machucar, sim, são humanas. Existe um lugar onde um ato pode mudar toda uma vida, mas que nem toda uma vida pode mudar alguns de nossos atos.
Agora, o importante pra mim, não é pra outros, não importa o quanto eu me importe. Taí o segredo: em vez de temer, MERGULHAR!
A capacidade de amar é nata, não depende de terceiros.
Aprender a cada dia, com que menos se espera, é muito mais lindo do que eu imaginava.
[Pra você, Kaio. Que me ensina tanto. todo dia ]
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Pinturas
Gosto de ir mudando a cor das minhas asas.
Uso tinta ecológica
que desaparece se dilui em água
e me escapa
sem eu prever
desculpando-me
por cada poema novo
nova combinação de palavras
com alteração meteorológica
que ponha o céu
a chover.
Sim. Eu sei.
Hoje não choveu. Não tenho desculpa.
Mas gosto de sentir que o destino é coisa pintada como se deseja
em tela que é sempre a mesma.
parede de todas as casas
mesmo que à vista as cores pareçam iguais,
mesmo que ninguém perceba,
mesmo que ninguém (te) veja
repintando as minhas asas.
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