Gosto de ir mudando a cor das minhas asas.
Uso tinta ecológica
que desaparece se dilui em água
e me escapa
sem eu prever
desculpando-me
por cada poema novo
nova combinação de palavras
com alteração meteorológica
que ponha o céu
a chover.
Sim. Eu sei.
Hoje não choveu. Não tenho desculpa.
Mas gosto de sentir que o destino é coisa pintada como se deseja
em tela que é sempre a mesma.
parede de todas as casas
mesmo que à vista as cores pareçam iguais,
mesmo que ninguém perceba,
mesmo que ninguém (te) veja
repintando as minhas asas.
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